No último domingo um programa de variedades da TV abordou um dos problemas mais apontados como problemático para os professores: A indisciplina.
Indisciplina é um dos problemas com os quais a escola se depara e para o qual busca solução há muito tempo. Este tema é muito controverso porque cada época, cada cultura, tem um conceito diferente a respeito deste assunto. Inicio, pois, tentando explicar o que entendo por disciplina: “a possibilidade que o ser humano tem de escolher uma norma a seguir, no curso de suas ações interpessoais”
Nas escolas, com relação à disciplina, geralmente não há muito problema no nível da educação infantil e das séries iniciais do ensino fundamental; parece-me que as dificuldades em relação às normas e regras a serem seguidas começam a surgir nas últimas séries, aumentando gradativamente no ensino médio. Fico pensando no porquê de tal situação. Vocês já se fizeram esta pergunta?
A meu ver, a resposta é clara: na educação infantil e nas séries iniciais do ensino fundamental a criança vive a moral heterônoma. Ela acredita que quem sabe o que é certo e errado são os mais velhos e não ela própria. A moral heterônoma é uma moral de obediência. Ela obedece, porque não é capaz de duvidar que o outro possa não ter razão. Ela obedece porque fica presa neste único ponto de vista e não é capaz de articular outro. Desta forma, não há indisciplina, há respeito às regras. Porém, a obediência não é fruto de uma decisão e o respeito às regras passa pelo medo da sanção que pode advir do adulto ou da instituição e não por uma compreensão racional ou por uma introjeção da moral cultural.
Nas últimas séries do ensino fundamental e no ensino médio a criança e o adolescente começam a descobrir que os adultos nem sempre têm razão. Começam a construir uma moral individual e a questionar as regras estabelecidas. A escola e os professores geralmente ficam perplexos e perdidos.
Como deve o professor agir neste caso ?
- Aplicando sanções por reciprocidade, isto é, estabelecendo relação direta entre a falta cometida e a penalidade sofrida. Penalidades que não têm relação com a falta cometida, perdem o sentido;
- Mantendo a calma: Ficar irritado, gritar e castigar os que não se comportam de acordo com as regras – atitudes autoritárias e retrógradas – não adianta nada. Quando se tenta impor disciplina, a submissão e a revolta aparecem;
- Conquistando os alunos pela autoridade e não pelo autoritarismo. Autoridade é adquirida pela admiração, pelo respeito e não pela força;
- Estabelecendo regras e divulgando-as entre os alunos, assim como as sanções para suas infrações.
Tais atitudes são facilitadoras para que os alunos exerçam sua autonomia escolhendo cumprir ou não as regras estabelecidas pelo professor, desenvolvendo o senso de responsabilidade que é fruto de um consenso que fundou e mantém a sociedade em permanente evolução.
4 Comments
boa tarde Dra, Julia
tenho 03 filhos
1 esta 3° ano Mecatrônica CEFET
1 esta 4° primário somente consegue escrever o 1° nome
1 esta 3° primário não consegue escrever nem 1° nome
esta suas publicação esta nos ajudando.
muito obrigado
Caro Rubens,
Fico feliz por saber que tenho lhe ajudado e triste em verificar a situação em relação à alfabetização de suas filhas pequenas. Infelizmente no Brasil estamos criando uma geração de analfabetos escolarizados.
Um abraço,
Júlia
A experiência e a vontade devem estar sempre bem próximos.
Sem dúvida, Joaquim.Porém, nem sempre isso acontece. A vontade é mais importante,ao meu ver, do que a experiência, pois pessoas inexperientes,mas com vontade de fazer e de acertar remover montanhas.
Um abraço,
Júlia