No dia 21 de março comemora-se o Dia Internacional da Síndrome de Down. Em minha vida profissional como psicopedagoga tive a oportunidade de trabalhar com pessoas nesta condição. Neste post compartilho um pouco do que aprendi.
Em primeiro lugar, é preciso desmistificar algumas ideias presentes no ambiente social :
Trata-se de uma síndrome e não de uma doença, por isso, não é fatal;
- A síndrome traz consigo uma maior incidência de doenças respiratórias, cardíacas, dentre outras e, por isso, é preciso um acompanhamento médico a fim de evitá-las;
- O que causa a síndrome é um acidente genético, a trissomia do cromossomo 21. As pessoas com síndrome de Down têm 47 cromossomos em suas células em vez de 46, como a maior parte da população;
Nenhum comportamento dos pais é responsável pelo acidente genético e não devem se culpar por isso;
As pessoas com síndrome de Down têm características físicas e mentais semelhantes, mas são únicas, como qualquer sujeito humano.
Por esta razão, a abordagem educacional e psicopedagógica para com as pessoas com síndrome de Down deve levar em conta que apesar de todas possuírem um grau de oligofrenia ( deficiência intelectual ), cada uma tem um potencial distinto, maior ou menor para aprender. Sendo assim, o trabalho deve ser individualizado.
Em minha experiência clínica tive sucesso com algumas crianças , as quais alfabetizei no consultório paralelamente ao trabalho realizado pela escola e insucesso com outras, cuja deficiência era tão acentuada que não conseguiram aprender a ler e a escrever. Cheguei à conclusão de que abordagem fônica, nestes casos, não é bem sucedida porque as crianças geralmente têm dificuldades na articulação de fonemas. Por isso, sempre utilizei abordagem com apoio visual, nestes casos.
De maneira geral estas pessoas são dóceis, amigáveis e alegres . Têm desejo de aprender e muitas delas possuem talentos específicos em determinadas áreas, tais como a dança, o teatro, a culinária, os esportes, o que deve ser explorado e incentivado pelos pais e pela escola.
Hoje em dia, com os progressos relacionados à inclusão social e escolar, elas têm direito a frequentar a escola regular, apoio de um monitor em classe e frequência à sala de recursos multifuncionais.
Sob o ponto de vista psicopedagógico o mais importante é salientar que, como qualquer ser humano, a pessoa com síndrome de Down é capaz de aprender e o desafio é encontrar o caminho para ensiná-la.