O Uso da Família Terapêutica na Intervenção Psicopedagógica

O Uso da Família Terapêutica na Intervenção Psicopedagógica

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Na intervenção Psicopedagógica com a criança e o púbere, as relações familiares estão sempre presentes !

Cabe aos pequenos bonecos  uma grande variedade de tarefas na idade escolar, mais especialmente entre sete e doze anos. Permitem que a criança se familiarize com as relações sociais, mesmo quando sua própria família apresentar algumas particularidades, como por exemplo, pais separados ou avós falecidos.

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Para abrir espaços subjetivos relacionados com a aprendizagem, o (a) psicopedagogo(a) precisa utilizar  alguns materiais que permitam, por meio do jogo simbólico, que a criança possa verbalizar as questões que enfrenta no ambiente familiar. A intervenção psicopedagógica clínica é de natureza terapêutica e , neste sentido, deve propiciar espaços de autoria para o profissional e seu cliente.

A família e a escola jogam um papel decisivo na aprendizagem formal do indivíduo  e o (a) psicopedagogo(a) deve ter esta compreensão quando atua no âmbito da clínica.

A atividade lúdica é um instrumento natural na intervenção clínica em Psicopedagogia e utilizar o brincar com a família terapêutica propicia transcendências a respeito da relação da criança com sua família em geral e com os seus membros, em particular.

O37147635_257538144893369_9140461764834492416_n que é a família terapêutica ? Um conjunto de bonecos que representam a estrutura familiar.

O profissional deve ter uma gama de personagens para utilizar de acordo com a necessidade de cada cliente, agregando ou retirando personagens , conforme for o caso. Bebês, avós, animais de estimação, podem ou não estar presentes.

Hoje em dia já se encontra no mercado bonecos com deficiências físicas, que permitem o trabalho com estas situações. O mesmo em relação a bonecos que podem compor famílias multiétnicas, cada vez mais comum em nossa sociedade, em virtude do deslocamento das pessoas entre os diversos países do mundo.

A atividade com os bonecos que compõem a família é sempre um jogo simbólico, no qual se representam papéis. O(a) psicopedagogo(a) deve se colocar na brincadeira, assumindo um dos personagens da trama que é simbolizada . Pode ser a mãe, o pai, ou mesmo a criança, dependendo do caso. De maneira geral, não se deve deixá-la brincar sozinha, mas participar com ela, de maneira a tornar o jogo mais produtivo. Se houver possibilidade de agregar ao jogo uma casinha de bonecas ou uma mobília, a brincadeira fica mais rica porque ganha um cenário.

Participar e observar o que acontece no jogo simbólico com a família terapêutica permite que o profissional levante novas hipóteses de trabalho ou ratifique as antigas, sempre abrindo caminho para novas intervenções.

As relações familiares são complexas. No que tange aos pais, a ambivalência de sentimentos geralmente está presente. O ciúme entre irmãos é outra realidade. Os nascimentos e as mortes impactam a vida de seus membros. Tudo isso pode se tronar visível quando a criança brinca com a família terapêutica e se torna material de trabalho na clínica, em outras situações tais como desenhos, construções com sucata, jogos que exploram sentimentos e emoções.

Quando uma criança, por exemplo, é muito dependente da mãe,porque esta é muito controladora, é interessante que o(a) psicopedagogo(a) assuma o papel materno e se apresente  de forma diferente, mais flexível, permitindo que o sujeito experiencie uma situação diferente com ela e possa, no momento do jogo, fazer perguntas, entrar num diálogo que, muitas vezes, não consegue na realidade.

No brincar com os bonecos pode ser vivenciada a totalidade da família. Isto terá uma atuação complementar positiva sobre a criança. Pode-se perfeitamente dizer-lhe que há famílias de todos os tipos, que em algumas faltam o pai, noutras os avós, podemos mostrar que o número de filhos é variável, no entanto, esta percepção durante o brincar é vivenciada com maior naturalidade, sem necessidade de intelectualização. Também pode a criança durante a brincadeira fazer “desaparecer” o pai, a mãe ou um irmãozinho.

Todos estes gestos da criança no brincar servirão como material a ser observado pelo terapeuta. Em conversas com adultos sobre este tipo de brincadeira, muitas vezes é colocado o temor que o brincar com bonecas reproduza esquemas sociais e fixe funções. Questiona-se o porque a mãe deve cozinhar e o homem consertar o carro. Perguntam se isso tudo não poderia ser diferente. É obvio que sim. A mulher pode ser motorista de caminhão e o homem professor de jardim-de-infância. Hoje em dia, ninguém tem algo contra este tipo de escolha de emprego e as decisões são livres.Porém, no brincar de casinha,naturalmente os arquétipos femininos e masculinos são mantidos pelas crianças. As situações que fogem aos modelos, são especialmente apresentadas durante o brincar que, desta forma, torna-se um instrumento da fala da criança.

Uma das características essenciais do brincar  é a não diretividade da ação. Isto significa que a criança, na relação com o psicopedagogo no consultório, é quem tem melhores condições de dirigir o processo terapêutico, selecionando dentre as suas vivências aquelas que necessitam ser trabalhadas e ressignificadas.

O brincar é uma atividade livre e o terapeuta pode exercitar sua escuta, o que reforça ainda mais a importância, para a atuação psicopedagógica, destes pequenos bonecos de pano.

Júlia Eugênia Gonçalves
Júlia Eugênia Gonçalves
Psicopedagoga há 41 anos, com formação em mestrado pela UFF./RJ. Carioca, moro em Varginha/MG desde 1996, quando fui contratada pela UEMG para participar de um projeto de formação de professores, depois de ter me aposentado da rede pública federal, onde atuava como docente no Colégio Pedro II. Pertenci ao Conselho Nacional da ABPp de 1997 a 2010. Presido a Fundação Aprender, em Varginha, instituição pública de Direito Privado, sem finalidades financeiras e de utilidade pública.Atualmente tenho me especializado em EaD e suas interfaces com a Psicopedagogia.

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