A psicopedagogia tem se dedicado a estudar as relações entre o brincar e o aprender. O prof. Jorge Visca, em vários momentos de sua obra, registra a importância das atividades lúdicas nas modalidades de aprendizagem em todos os seus âmbitos. Alícia Fernandez, também argentina e psicopedagoga, diz que “aprender é quase tão lindo como brincar”.
O homem brinca em toda sua vida e não precisa de nenhum objeto para isso. Brinca com seu corpo, com seus movimentos, com os ruídos que produz. Aproveita o que está à sua volta: um vegetal, a luz, o breu, e com isto, brinca. Porém, criou, no decorrer de sua história, “brinquedos”, ou seja, objetos para brincar. Os brinquedos possibilitam novas formas e abrem novas possibilidades, estruturando uma lógica e uma atuação dramática, integrando objetividade e subjetividade, articulando inteligência e desejo, simbólico e imaginário.
O ato de brincar contém vários âmbitos: o cognitivo, o social e o afetivo e todos devem ser valorizados pelo professor ou psicopedagogo. Ao brincar com brinquedos lógicos o ser humano desenvolve o raciocínio; quando a brincadeira é com situações afetivas – estimulam-se as emoções- e quando se brinca com situações sociais, a aquisição de conhecimentos, atitudes e destrezas próprias de um determinado meio, são assimiladas. Geralmente, em cada um destes três âmbitos, existe o que podemos chamar de “uma família de brinquedos”, cujos distintos membros representam um grande nível de complexidade crescente. Isto permite elaborar uma hierarquia e também estabelecer uma rede, tanto entre os brinquedos de uma mesma família, quanto entre os de famílias diferentes,de tal forma que um mais simples pode preparar para um mais complexo,facilitando a construção de esquemas mentais requeridos para este fim.
O brincar articula, ao mesmo tempo, aspectos cognitivos, afetivos e sociais, permitindo que a aprendizagem aconteça. Possibilita que a subjetividade inerente a cada ser humano apareça e também que o social se estabeleça, por meio das regras e normas que as brincadeiras comportam.
Quando uma criança brinca, tem a oportunidade de perceber que, juntamente com a lógica inerente à ação que o brincar propicia, existe um modo correto de proceder, uma moral subjacente à atividade, pois não vale ganhar a qualquer custo.
Por meio do brincar a criança, principalmente na primeira infância, elabora melhor seu pensamento, o que lhe faculta aprender melhor. Valorizando o lúdico no processo de aprendizagem por meio da pesquisa de atividades que podem se integrar às atividades de sala de aula, é possível concluir que o aluno que aprende pelo método lúdico consegue assimilar conteúdos de forma mais efetiva, porque vivencia situações de conflito e dá significados a elas.
Há que se ter, porém, o cuidado de não transformar o brincar em técnica de ensino, o que leva a uma redução da aprendizagem.
Quando o professor brinca, ele se aproxima da criança, destruindo as barreiras que se interpõem entre ele e seu aluno. Em todo adulto existe sempre uma criança que permaneceu e que é capaz de brincar.